"Estou cansado de ouvir falar de futebol". Tenho ouvido esta expressão com cada vez mais frequência. Porém, na televisão são em maior número os programas e debates dedicados a este desporto. Se há mais oferta é porque corresponde à procura. Ainda assim, parece contraditório. Pela parte que me toca, não entendo como o país suporta tanta hora de televisão, debates, jornais, notícias, transferências e relatos de um desporto que, apesar de conquistar multidões, é apenas isso mesmo: uma modalidade entre centenas. Nada contra quem gosta e quem pratica. Mas, bolas, já chega, não? É que são milhões de euros para salários, treinadores, estádios, jornalistas, programas, canais, tinta e papel que se gastam para depois nos queixarmos da crise, dos nossos ordenados, dos políticos. Mas quem os põe lá? Há quem acredite que Portugal tem muito dinheiro. Está é mal distribuído. É capaz.
Isto tudo a propósito dos jogos paralímpicos que começam esta semana. A comitiva lusa leva 36 atletas que vão representar o país em seis modalidades: atletismo, boccia, natação, ciclismo, equitação, judo e tiro. Até aos dias de hoje, os paralímpicos portugueses já conquistaram 88 medalhas: 25 de ouro, 31 de prata e 35 de bronze. A título de comparação e sem desprimor, os atletas dos jogos olímpicos conseguiram, desde 1912, 24 medalhas. Será que alguém se vai lembrar que há portugueses no Rio de Janeiro a lutar pela bandeira nacional? Será que vai haver programas de televisão a mostrar provas em que eles vão participar? Será que os jornais vão dar destaque de primeira página aos vencedores? Será que vão haver opinadores a falar sobre o assunto? Os jogos paralímpicos decorrem de 7 a 18 de setembro. Estaremos cá para ver.
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