segunda-feira, 12 de setembro de 2016

O cúmulo da perda tempo



Nunca entendi o sucesso de programas como a Casa dos Segredos. Ok, o primeiro Big Brother, em 1999, foi uma experiência inédita na televisão. Até eu segui e fiquei curioso com o voyerismo que o aquilo provocava. Era impossível escapar. Lembro-me, inclusive, de terem surgido revistas exclusivas dedicadas ao tema. Só que passaram-se 16 anos e dezenas de outros reality shows desenrolaram-se pela televisão. Os canais por cabo estão cheios deles, desde culinária, passando pela moda, terminando na música. Há, no entanto, algo de agradável na ideia de procurar talentos escondidos na voz, dança ou moda. Aprende-se, descobrem-se pessoas bonitas, interessantes, com vidas cheias de sonhos. É claro que muita gente fica pelo caminho, mas há quem desfrute de emoções e consiga atingir o sucesso. Ou, pelo menos, prova um pouco da fama.
Mas o que ganhamos com a Casa dos Segredos? O que se aprende? Nada. Recuso-me a passar os olhos por aquilo, até porque nem tenho tempo para tal. No entanto, hoje, o Nilton, das manhãs da RFM, divulgou um pequeno vídeo que faz o apanhado do que passou este domingo à noite na TVI. São cerca de 10 minutos que resumem a mentalidade de muita gente que anda pelas ruas do nosso país. E eu só me pergunto: esta gente existe mesmo? Eles disseram mesmo aquilo? Eles pensam mesmo assim? É impossível! Não acredito. É bater tão no fundo! É ser tão fútil e irrelevante.
Há dias, uma concorrente algarvia de um antigo programa destes, queixava-se que tinha sido esquecida pela TVI e a Fanny, que está na França noutro reality show, disse o mesmo. É impressionante o mundo em que estas pessoas vivem. Hoje o Cláudio Ramos respondia a estas concorrentes. Resume o apresentador: como podem elas criticar algo se não têm talento nem trabalham para se reinventar? A televisão, como o jornalismo, como a música, como o cinema, o teatro, a escrita, as revistas e os jornais, não nascem do nada. É preciso trabalhar. E muito! Assusta-me a mensagem de futilidade e de preguiça que estas pessoas passam à sociedade.
A tendência parece, infelizmente, estar a manter-se, apesar da pior estreia de sempre. Ainda assim, mais de um milhão e duzentos mil espetadores seguiram o programa. São mais de 10 por cento da população portuguesa! Eu até tremo!

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